O Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é alvo de uma investigação da Polícia Federal que apura a possível prática de 9 crimes relacionados à exportação ilegal de madeira, dentre eles corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e facilitação de contrabando. Já escrevi sobre o assunto nesta coluna, mas na última semana, o Supremo Tribunal Federal autorizou a quebra dos sigilos fiscal e bancário do ministro.
O suposto envolvimento de Salles com as madeireiras virou notícia no início do mês, quando o ministro foi à divisa dos Estados do Pará com o Amazonas para acompanhar a maior apreensão de madeira ilegal da história do País. Poderia ser um sinal de que Salles estaria fazendo as pazes com o meio-ambiente, não fosse o fato dele usar o episódio para descredibilizar a ação da Polícia Federal e liberar o material apreendido mesmo sem a documentação necessária. Após o ocorrido, o superintendente da PF na região foi afastado. A atitude nada republicana do ministro chamou atenção das autoridades e temendo a interferência de Salles nas investigações, parlamentares da oposição pediram seu afastamento das funções que exerce no Ministério do Meio Ambiente. Vale lembrar que tramita na Câmara dos Deputados uma coleta de assinaturas para a abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as denúncias de crimes supostamente cometidos pelo ministro. A proposta é que a chamada CPI da Devastação atue em 5 frentes de investigação: 1) a acusação do delegado da Polícia Federal, Alexandre Saraiva, de que o ministro tenha atuado em favor de madeireiras ilegais; 2) o desmonte das ferramentas de fiscalização e controle do desmatamento; 3) o encontro do ministro com garimpeiros que teria motivado a suspensão de uma operação no Pará contra garimpos ilegais; 4) possíveis atos de improbidade administrativa ao disponibilizar aeronaves da Força Aérea Brasileira para transportar garimpeiros a Brasília e finalmente 5) a omissão no enfrentamento aos incêndios que consumiram o Pantanal em 2020.
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