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ARTIGO: PADRINHO E AFILHADO


Colaboradores da Associação cuidam de bicho-preguiça resgatado à beira de rodovia. Imagem: Associação Mata Ciliar

Já faz 3 anos que João Dória tenta se mostrar como uma espécie de anti-Bolsonaro, embora o governador tenha sido aliado do atual presidente na última campanha eleitoral e sua gestão à frente do estado de São Paulo não seja muito diferente daquela adotada em Brasília. Na área ambiental, essa simetria se repete, considerando que ambos vem desmontando as políticas e programas de proteção e recuperação socioambiental, paulista ou brasileiro, em benefício do setor privado.


Um caso tão atual quanto urgente pode servir de exemplo. Apesar de tratativas e acordos que garantiriam a continuidade das atividades da Associação Mata Ciliar, João Dória vem tentando, desde o ano passado, interromper o trabalho da entidade que atua na reabilitação de animais silvestres. Felizmente, com apoio popular, de ambientalistas, parlamentares e de organizações da sociedade civil, a Mata Ciliar resistiu, mas não se sabe ainda por quanto tempo.


Após negar à Associação, autorizações de instalação, de uso e manejo da fauna silvestre, colocando em xeque sua própria existência, o governo Dória recebeu uma enxurrada de críticas nas redes sociais, além da repercussão negativa promovida pela organização e mobilização de diversos atores e organizações sociais que conseguiram barrar o absurdo. Frente ao escândalo, o Estado emitiu um comunicado pouco conclusivo, reconhecendo a importância da Associação, como se pudesse negar que a remoção da Mata Ciliar é parte de seu projeto.


O documento, é simétrico ao discurso de Jair Bolsonaro, quando, por exemplo, o presidente anunciou internacionalmente que faria investimentos na conservação ambiental, ao mesmo tempo que cortava verbas do Ministério do Meio Ambiente. O comunicado do governo Dória, diz que a revogação das autorizações foi um erro administrativo, mas revela que a licença concedida à Associação será apenas provisória, “até que se encontre uma solução conjunta para o manejo de animais”. Foi ou não foi um erro? João, o “manejo de animais” não é o problema – o problema é a sua política e a do seu padrinho, Jair Bolsonaro.


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