Mesmo batendo recordes na produção agropecuária, o Brasil voltou ao mapa da fome, com o maior índice de desemprego da nossa história. São quase 20 milhões de pessoas sem ter o que comer, vivendo no País que mais produz carne, frango, milho, soja, cana, café, entre outras culturas exportadas para o mundo todo. São 19 milhões de desempregados e 40 milhões de brasileiros e brasileiras na informalidade, num País com 152 milhões de hectares de terras agricultáveis.
O cenário é conseqüência de investimentos públicos equivocados, que sustentam um modelo de agricultura danoso ao País, baseada na concentração de terras; na monocultura; na mecanização da lavoura e no uso intensivo de agroquímicos. Quando o Estado fomenta o agronegócio, está aportando recursos em uma atividade que gera pouco emprego, porque mecanizada; promove o êxodo rural, porque concentra terras; faz uso irresponsável dos recursos naturais e excessivo de agroquímicos, para aumentar a produtividade, prejudicando o meio ambiente e a vida.
Além do aporte financeiro, existem outras formas do governo promover ou proteger um setor da sua economia – através de mudanças na legislação, o que o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, chamou de “passar a boiada”. É o que o governo tem feito para beneficiar o agronegócio, segmento menos afetado pela pandemia no Brasil. O desmonte do Sistema Ambiental Brasileiro; as mudanças nas leis ambientais e o aparelhamento de órgãos de fiscalização e controle são medidas que se somam à liberação recorde de agrotóxicos, muitos deles proibidos nos Estados Unidos e UnIão Europeia.
Além de 1411 novos venenos e das mudanças na classificação de agroquímicos extremamente tóxicos, que passaram a ser considerados de menor toxicidade, na última semana o governo Federal “baixou um decreto” que flexibiliza ainda mais o registro destes produtos, mesmo os sabidamente cancerígenos. Agora, faz-se urgente uma mobilização ampla da sociedade, para derrubar este decreto, combater os absurdos já praticados pelo governo Federal, enfrentar o PL do Veneno, pronto para ser votado a qualquer momento e avançar coma Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (PNARA).
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