As enchentes nas grandes cidades não são culpa das chuvas e dos rios;
Em São Paulo, por exemplo, os rios corriam livres em caminhos sinuosos. O interesse econômico decidiu retificá-los, vender e ocupar as suas várzeas;
Várzeas são as áreas planas às margens dos rios que naturalmente inundam durante as cheias e funcionam como esponja retendo grande parte das águas;
Os rios e córregos foram retificados, e suas margens, várzeas e matas ciliares foram destruídas, loteadas, ocupadas, impermeabilizadas
As enchentes não invadem avenidas e imóveis. Esses locais foram invadidos pelos, loteados e ocupados para atender interesses econômicos.
Obras faraônicas podem minimizar esses problemas mas não os resolverão. Precisamos tornar as cidades permeáveis. Aumentar as áreas verdes, massificar opções de baixo custo como os jardins de chuva, calçadas verdes, pavimentos porosos que facilitem a infiltração da água
Há décadas a ciência anuncia os chamados extremos climáticos, com secas, ondas de calor e chuvas muito intensas e concentradas. Infelizmente não nos preparamos.
Insistimos em um modelo econômico altamente poluidor e agressivo, e ignoramos conceitos básicos de sustentabilidade
Infelizmente vivemos tempos obscuros, em que autoridades - inclusive as responsáveis pelo meio ambiente - se empenham em negar os atuais problemas e a emergência climática.
Pior, tomam medidas que agravam a crise ambiental, como por exemplo: investir contra os territórios indígenas, estimular desmatamentos e queimadas, reduzir unidades de conservação, desmontar o sistema de licenciamento ambiental e os órgãos de fiscalização. Além de adotar, como método, estratégias de desqualificação da ciência.
Chega de destruição, queremos um Brasil e um mundo justo e sustentável.
* Nilto Tatto é deputado federal pelo PT de São Paulo. Foi presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados em 2017 e atualmente coordena a Frente Parlamentar Ambientalista da Câmara.
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