Em 1988, eu trabalhava com capacitação em gestão administrativa, para ajudar a conceber, estruturar e formalizar associações, cooperativas e movimentos sociais. Em agosto daquele ano, um grupo de seringueiros no Acre, liderados pelo saudoso Chico Mendes, me convocou para auxiliar na organização do recém-criado Conselho Nacional de Seringueiros (CNS). Foi a última vez que vi um dos maiores ambientalistas brasileiros: Chico seria assassinado apenas 4 meses depois.
A criação do CNS havia sido o resultado de um projeto visionário do Chico, entre outros companheiros e companheiras, unificando os atores locais na luta trabalhista, então representada pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), mas incluindo a a defesa da preservação ambiental. A grande novidade foi que, além de mobilizar com maestria os diversos povos extrativistas das florestas em torno de uma luta comum, o líder-seringueiro também os inseria num movimento de defesa do maior patrimônio brasileiro daquela e das futuras gerações: a nossa sociobiodiversidade.
Passados mais de 30 anos, temos a obrigação de dar sequencia ao trabalho iniciado pelo CNS, reconhecendo a indissociabilidade da defesa do meio-ambiente e da vida, às lutas de classes. Nesta semana, o músico Caetano Veloso e diversos convidados, entre artistas, personalidades; representantes de movimentos sociais e do poder público, estarão reunidos em Brasília para o ATO PELA TERRA CONTRA O PACOTE DA DESTRUIÇÃO. Eu estarei lá, como deputado eleito pelo povo paulista, mas defendendo um patrimônio de todos os brasileiros e brasileiras, como tenho feito enquanto ambientalista, nos últimos 40 anos.
Agora, além da articulação em torno da aprovação de pautas específicas, é tempo de enfrentar vigorosamente um conjunto de projetos que flexibilizam ou legalizam crimes ambientais; reconfigurando o ordenamento ambiental brasileiro e colocando em risco a própria vida humana. Precisamos ampliar o alcance das mensagens em defesa do meio-ambiente e da vida, extrapolando os limites da oposição no Congresso, atingindo em cheio o executivo, o legislativo e o judiciário, para que finalmente percebam o que está em jogo. Precisamos gritar: Não existe planeta B!
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