Publicado originalmente em Gazeta de São Paulo, em 02/06/2020
O Coronavírus intensificou o debate sobre as desigualdades sociais no mundo todo, discussão que não pode ser separada da crise climática, especialmente no Brasil. A nossa diversidade ambiental, étnica e cultural é essencial à justiça, à sustentabilidade e no combate à pandemia.
O andar de cima, que mesmo durante a pandemia passeia de jatinho e gasta mais de 5 mil reais de mensalidade na escola dos filhos, é o que menos morre por COVID19. O contrário acontece com o trabalhador do campo e das cidades, que paga a conta com a própria vida.
Enquanto uma boa parte da população não tem acesso à água potável; ao saneamento; à moradia; à educação; à equipamentos de lazer e cultura; à alimentação e à saúde, 1% dos brasileiros detém 38% das riquezas. Apenas 10% das propriedades rurais concentram mais da metade das terras do país.
Empresas que produzem agrotóxicos e envenenam os nossos alimentos, por exemplo, recebem bilhões em isenções de impostos, enquanto agricultores familiares não têm quase nenhum apoio do Estado. Tudo isso faz do nosso país um dos mais desiguais do mundo, com reflexos na forma como cada um enfrenta a quarentena.
Algumas causas da desigualdade e destruição ambiental são o racismo; o machismo; a concentração de renda e de terras; ausência de política climática efetiva e falta de acesso aos serviços básicos. Mas existem formas de enfrentar tais mazelas, para que ninguém precise viver ao lado do esgoto a céu aberto; perder a casa, a roça ou a vida em desastres ambientais; para tirar o Brasil novamente do mapa da fome; retomar os programas de inclusão social, ambiental e garantir políticas públicas para os mais pobres.
Para isso é preciso debater a transferência de renda e a transição ecológica; taxar grandes fortunas e rever subsídios do estado; reparar a dívida histórica com a população negra; retomar demarcações de terras indígenas e os direitos dos povos tradicionais; combater a concentração de renda, de terras e fazer o andar de cima pagar a conta de seus privilégios, que até hoje foram pautadas na exploração covarde do andar de baixo.
Assine o Abaixo Assinado pela taxação de grandes fortunas e ajude a salvar vidas.
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