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Foto do escritorNilto Tatto

ARTIGO: INDÍGENAS EM ALERTA

Publicado originalmente na Gazeta de São Paulo em 31/03/20 Um alerta vermelho ecoou entre os povos tradicionais brasileiros no último final da semana: a primeira vítima fatal do Coronavírus no Distrito Federal foi um indígena. A vítima, do sexo masculino, era da etnia Parecei e tinha apenas 46 anos. Ainda que não vivesse em uma aldeia, fazia parte de uma população extremamente vulnerável.

No sábado, o Estado do Amazonas confirmou ao menos 12 indígenas contaminados pelo vírus. Até a semana passada, havia casos suspeitos de contaminação de uma mulher Pataxó na aldeia Coroa Vermelha (BA) e de três indígenas Marubo (AM), além de ao menos 10 casos confirmados na Terra Indígena do Vale do Javari (AM). Pode parecer pouco, mas quando uma doença como esta chega nas aldeias, a velocidade do contágio e o número de mortes são tremendos. Com isso indígenas do Brasil inteiro estão fechando suas comunidades para o acesso de não indígenas e de indígenas que estiveram recentemente em contato com o mundo exterior. Suspeita-se que alguns dos indígenas contaminados tenham contraído a doença após o contato com o médico que atende suas comunidades, diagnosticado recentemente com COVID19. Assim que foi confirmada a contaminação do profissional de saúde, agentes do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) do Alto Solimões, voaram para o local para monitorar 13 tikunas, dos quais 10 foram atendidos pelo médico e outros três trabalharam com ele nos últimos dias. Este rastreamento é fundamental para conter a propagação da pandemia. Todos sabemos que os grupos mais vulneráveis ao Coronavírus são idosos, pessoas com algumas doenças preexistentes e pessoas com o sistema imunológico fragilizado, mas o caso das populações indígenas é ainda mais grave, pois os locais onde vivem muitas vezes dificultam o acesso ao sistema de saúde, especialmente à hospitais. Outro fator preponderante é que a vida nas aldeias é compartilhada, muitos vivem debaixo do mesmo teto e as atividades são basicamente em grupo, o que faz com que doenças infecciosas atinjam boa parte, quando não a totalidade, dos moradores de uma aldeia.

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