O momento é de comoção geral. A gravidade das enchentes que vem atingindo o Rio Grande do Sul demanda ações imediatas, coordenadas e efetivas, envolvendo governos Federal, estadual e municipais, além do poder legislativo, movimentos sociais e a população. Não é hora de um cabo de guerra para apontar culpados, mas é imperativo identificar e atacar a causa dos problemas, que sabidamente não são apenas as chuvas.
Não me surpreenderia, por exemplo, se eu visse um parlamentar que sistematicamente defende a flexibilização das leis ambientais, o desmonte do Código Florestal ou a expansão do agronegócio sobre terras indígenas e áreas de proteção, lamentando pelo que vive o povo gaúcho - a tragédia une pessoas. Tenho certeza que o sentimento de todos que se compadecem com a situação é legítimo, mas será que mesmo depois de tanto horror, seguirão defendendo, na Câmara ou no Senado, medidas que comprovadamente intensificam eventos climáticos extremos como este?
Para quem ocupa um cargo público, se compadecer com as vítimas de desastres naturais não significa apenas atender prontamente às pessoas afetadas, o que é urgente, mas também trabalhar para que tais eventos não voltem a causar tanto sofrimento. Faz apenas um ano que o Rio Grande do Sul sofreu uma tragédia semelhante e se nada for feito, a tendência é piorar. É evidente que não podemos controlar as secas ou as chuvas, mas sabemos que preservar o meio ambiente é o melhor caminho para manter o equilíbrio.
Tenho certeza que, se deputados e senadores se comprometerem com o enfrentamento às emergências climáticas, o trabalho de prevenção a eventos extremos será muito mais fácil do que resgatar pessoas e animais; reconstruir boa parte da infraestrutura, danificada ou destruída pelas chuvas ou pior, lamentar a perda de entes queridos. Vamos juntos, trabalhar para acabar com o sofrimento do povo gaúcho, mas também para evitar que novos episódios como este voltem a castigar o Rio Grande do Sul ou qualquer um dos demais estados brasileiros. Não é hora de falar “eu te disse”, mas de ouvir o que está sendo dito e trabalhar.
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