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Foto do escritorNilto Tatto

ARTIGO: Aos amigos, tudo

Publicado originalmente em Gazeta de São Paulo, em 14/07/2020


O auxílio emergencial idealizado para que os trabalhadores informais, desempregados e outros setores mais vulneráveis da sociedade enfrentem a pandemia tem gerado polêmica. É verdade que muitas famílias tiveram nos 600 reais pagos pela Caixa sua única fonte de renda nos últimos meses, mas também é verdade que milhões de brasileiros e brasileiras que voltaram a viver em situação de extrema pobreza ainda não conseguiram acessar o benefício.


A situação se torna ainda mais grave quando o governo Federal, responsável pela distribuição dos recursos, fecha os olhos para as fraudes que passaram a implodir o sistema. Há registros de que militares da ativa e da reserva receberam o auxílio, bem como profissionais das mais diversas áreas, que não tiveram seus vencimentos comprometidos, mas que se cadastraram e receberam os 600 reais. Muitos dos quais, curiosamente, formam a base de sustentação do bolsonarismo.


Há portanto, uma deturpação na proposta do auxílio, idealizado pelos partidos de oposição, inicialmente no valor de um salário mínimo. Para quem não se lembra, a ideia de socorrer a parcela mais frágil da população foi rejeitada pelo governo Bolsonaro, que apresentou uma contraproposta de apenas 200 reais ao mês. Após muita negociação, chegou-se ao valor atual. Não parece absurdo portanto, supor que o mesmo presidente que não se importa se a população mais pobre está ou não recebendo, possa estar direcionando estes recursos para afagar seus apoiadores.


O mesmo vale para outro mecanismo de fundamental importância para a preservação dos empregos e da atividade econômica. Foi só na última semana que a Câmara dos Deputados aprovou a Medida Provisória 975/20, que cria um programa emergencial de crédito para pequenas e médias empresas. O texto ainda vai pro Senado. O atraso no socorro aos maiores geradores de emprego e renda do País não é por acaso – o próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, defendia que o governo deveria socorrer apenas os grandes e abandonar os pequenos, alinhando seu o discurso com as práticas do presidente.





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