A Páscoa Cristã é uma referência à ressurreição de Cristo, três dias após sua crucificação e morte. Reza a tradição católica, que essa passagem libertou os homens de seus pecados e abriu as portas do Paraíso. A celebração cristã acontece ao mesmo tempo que os judeus comemoram a Pessach, neste caso, em referência à fuga do Egito, libertação do povo hebreu e a chegada à Jerusalém.
Era comum nas províncias romanas de 2 mil anos atrás, fazer das execuções uma espécie de espetáculo. Como Jesus era judeu, o governo da época o crucificou durante a celebração de uma grande festividade, a Pessach, por isso a coincidência das datas. Já nos dias de hoje, nesta semana, ao mesmo tempo em que cristãos e judeus celebram a liberdade e a vida, cada um à seu modo, se encerra o maior encontro de povos indígenas do Brasil. São milhares de indígenas de todo o País acampados na Esplanada dos ministérios, também em luta por suas terras, por seus direitos, pela liberdade e pela vida.
Não haveria identidade entre os cristãos, se Jesus não tivesse aberto o caminho ao reino dos Céus; não haveria libertação dos judeus se não tivessem chegado à terra prometida e não haverá liberdade aos palestinos enquanto não lhes for assegurado o direito ao seu território. É nesse sentido que as lutas dos povos indígenas, e também dos trabalhadores sem terra, do povo palestino pelos seus territórios, e até de refugiados de guerra estão conectadas com aquilo que celebramos a Páscoa.
Os 40 dias que Jesus passou no deserto, ou os 40 anos que os israelitas levaram para atravessar o Sinai, são lembrados pelos fiéis como tempos de privação, como são hoje para Palestinos; trabalhadores rurais; indígenas, ou refugiados; quando privados de suas terras e por conseguinte, da própria existência. O que estamos vendo estes povos sofrer é aquilo que os livros sagrados retrataram ter sofrido a humanidade no passado. Não podemos ser Pilatos e lavar nossas mãos diante do sofrimento de nossos irmãos.
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